terça-feira, 10 de setembro de 2013

As Armadilhas das Embalagens


Imagine você voltado para a gôndola do supermercado escolhendo papel higiênico...
Neve, Personal, Mirafiori, Dualette, Fofinho ou Carrefour... Folha Simples, Folha Dupla ou Folha Tripla... Neutro ou Perfumado... Pacotes com 4 Rolos, 8 Rolos, 12 Rolos, 16 Rolos ou 24 Rolos... Rolos com 20 metros, 30 metros, 50 metros ou 60 metros... E ainda para completar a multiplicidade de opções ainda encontra inscrições nas embalagens: "Embalagem Econômica", "Pague 15 e Leve 16", "Pague 22 e Leve 24" ou ainda, a novidade, "14 Rolos com 30 metros e 2 Rolos com 60 metros"
Isto sem contar as promoções da loja: "Na compra da embalagem com 24 rolos, você ganha um pacote de guardanapos de papel" ou então "Leve 3 embalagens com 8 rolos e a 4a embalagem sai por R$0,01"



Aquilo que parece ser uma grande variedade de apresentações do mesmo produto, pode esconder muitas armadilhas!
Nem sempre o que é anunciado como o mais barato, é realmente o mais barato... Nem sempre a maior embalagem é a que apresenta o menor preço por unidade. Nem sempre a marca desconhecida é a mais econômica!
Os exemplos são muitos. A Bombril oferece o detergente Limpol em embalagens de 500ml, 1L e 5L. Por incrível que pareça, as embalagens maiores, apresentadas como econômicas, nos mercados onde encontramos, são aquelas onde o produto sai mais caro!


Num mesmo dia, no mesmo mercado a embalagem de 500ml era oferecida por R$ 1,09, a de 1L por R$ 2,39,  enquanto que a de 5L por R$ 12,50. Neste mercado o consumidor desatento, iludido por uma embalagem "econômica", compra 10 vezes mais produto, paga 15% mais e ainda tem o desconforto de usar o detergente a partir de uma embalagem de 5 litros!
Com panos de limpeza de TNT, tipo Perfex, é uma festa. Além da multiplicidade de marcas, há fabricantes que oferecem panos menores, com maior ou menor quantidade por pacotes e até um fabricante que comercializa o produto em rolos. Para saber em qual embalagem está o menor preço, é necessário fazer o cálculo do preço por centímetros quadrados do pano!
Quando eu era criança todos os pacotes de biscoitos waffer tinham 200g. Ai surgiram os fabricantes espertos, que lançaram os pacotes com 190g, 185g, 180g, 170g, 165g, 150g,140g, 145g, 130g, 115g, 110g... (o processo de redução do produto na embalagem parece não ter fim!) Hoje há pacotes deste produto de muitos tamanhos diferentes e saber onde está o menor preço por grama, é uma tarefa pouco trivial.
 
 
Os índices de preços ao consumidor, utilizados para reajustar salários, aluguéis, contratos, etc. medem a variação de preços numa cesta fictícia de produtos , consumida tipicamente por famílias que têm uma determinada faixa de renda. Mas a verdade é que os hábitos de consumo variam de pessoa por pessoa, e assim cada consumidor tem o seu índice de real de inflação, calculado pela variação nos preços daqueles produtos que ele consome, que pode apresentar variações maiores ou menores que os índices oficiais.
Uma forma sábia de amenizar os efeitos da alta de preços, é comprar bem, e mudar os hábitos de consumo, de modo a compensar a alta de preços. A substituição de produtos de marcas famosas, sempre apresentada com a melhor estratégia, pode resultar em desvantagem, considerando esta babilônia de apresentações com diferentes quantidades do mesmo produto. Descobrir a embalagem tem o menor preço por unidade é uma estratégia muito importante, que não pode ser desconsiderada.
Mas então, que embalagem escolher?! Pelo visto acima os fabricantes não colaboram nem um pouco com esta estratégia, ao contrário, em muitos casos tentam claramente ludibriar o consumidor!
As autoridades governamentais e os órgãos de defesa do consumidor, muitas vezes implicam com bobagens, mas neste caso fecham os olhos para as armadilhas das embalagens.
Como resolver o problema? Obrigando os comerciantes a apresentar no perfil da gôndola o preço por quilo, por litro, por metro, etc. junto com o preço da embalagem. Poderia ser resolvido numa única canetada. No Chile esta obrigação já existe e funciona para todos os produtos, chegando ao extremo de atingir até as garrafas de vinho, produto típico daquele país, que tradicionalmente são de 750ml para todas as marcas e o consumidor já está acostumado com o preço da garrafa. Mesmo assim o mercado é obrigado a botar o preço por litro junto com o preço da garrafa.

domingo, 1 de julho de 2012

Cargill Desrespeita o Consumidor de Purilev

Um dia é o pacote de biscoitos com menos gramas da guloseima. Outro dia é o rolo de papel higiênico com menos metros do produto. Outro dia é o cartucho de impressora com menos mililitros de tinta. Até a indústria tabagista já se aventurou lançar carteiras de cigarros com 14 unidades ao invés das 20 tradicionais. Parece não ter fim a lista de fabricantes que tentam ludibriar os consumidores reduzindo a quantidade de produtos nas embalagens e assim cobrando um preço proporcionalmente mais elevado.
Por mais que as autoridades, órgãos de fiscalização e de defesa dos direitos dos consumidores estejam atentos, sempre aparece algum fabricante espertalhão, usando do mesmo truque para enganar os consumidores.
O mais recente integrante deste clube é a Cargill, dona da famosa marca Purilev de óleo comestível de canola. Comercializado tradicionalmente em embalagem PET de 900ml, como as demais marcas de óleos comestíveis,  em 2012 foi lançada uma nova embalagem de 500ml, com um argumento sutil justificando o lançamento:

"Com isso, o produto começa a atender à crescente demanda de público que busca embalagens menores e soluções práticas e econômicas em suas compras."

Balela do marketing enganador!
Num segundo momento o produto com 900ml desapareceu das gôndolas dos supermercados. Neste fim de semana procurei pela embalagem tradicional de Purilev nas lojas do Carrefour, Extra, Wal Mart, Pão de Açucar e Zaffari . Só encontrei o produto na nova embalagem de 500ml, por um preço desproporcionalmente muito mais elevado, por causa da embalagem.
Costumava pagar próximo de R$ 8,00 por 900ml do produto, e agora 500ml do mesmo produto custa entre R$ 5,76 e R$ 7,66, configurando um aumento de até 72% no preço que paguei no mês passado.
Além do gigantesco aumento no preço, o consumidor que continuar comprando Purilev, terá que levar mais plástico para casa e terá mais plástico para descartar. Trata-se de um flagrante desrespeito do consumidor, achando que todos que consomem Purilev não idiotas que não sabem fazer contas, além de ser uma atitude antiecológica. O PET demora mais de 100 anos para se decompor na natureza! Ao obrigar seus consumidores a descartar mais PET, a Cargill está na contramão da ecologia.

Enviei uma mensagem de protesto ao SAC da Cargill, mas duvido que mude alguma coisa. A má intenção da empresa parece clara... Se não fizermos nada é provável que não somente Purilev, mas outras marcas de óleo em breve estarão sendo comercializadas da mesma maneira. Assim a única forma eficiente de combater abusos como este é denunciá-los nas redes sociais. Para isto conto com ajuda de vocês.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Compre Sacolas Plásticas Descartáveis e Ainda Estará Fazendo o Melhor Negócio!

Responda com sinceridade: Na sua cidade, na sua rua ou no seu condomínio é possível descartar o lixo doméstico que não seja em sacos plásticos? Na minha não, há décadas.

Quando eu era criança e morava numa cidade do interior de SP, todas as residências tinham latas de lixo que eram grandes baldes metálicos ou metade de um tambor (também metálico) com alças soldadas. A coleta do lixo era feita lentamente por funcionários da prefeitura , que manualmente içavam as latas de lixo na carroceria de um caminhão, despejavam o lixo e ainda tinham tempo de devolver a lata vazia na calçada da rua.

Este processo era demorado, custoso e insalubre.  O caminhão do lixo tinha um cheiro insuportável, e a proliferação de insetos nas latas de lixo era inevitável. Mesmo aqueles cidadãos mais cuidadosos que lavavam as latas de lixo com frequência, não estavam livres das baratas e outros asquerosos representantes da fauna urbana...

Com o passar dos anos as prefeituras foram terceirizando a coleta de lixo. As empresas privadas que assumiram esta tarefa, concluiram que o serviço precisaria ser rápido para ser lucrativo. Para isto as prefeituras passaram a exigir que o lixo fosse acondicionado em sacos plásticos descartáveis e as empresas contrataram verdadeiros atletas coletores, que passam correndo nas ruas e apenas jogam o saco no caminhão. Para a população que teria que bancar o custo dos sacos, foram apresentadas as vantagem sanitárias de adoção de uma embalagem hermética e descartável, que impediria a proliferação de insetos e a progagação de doenças. Este método funciona assim até hoje, e não há nenhuma previsão para a sua alteração.

Por outro lado os pequenos mercados, que antes faziam entregas à domicilio na vizinhança sem cobrar, e por isto não ofereciam embalagens para o transporte, viram  nas sacolas plásticas a possibilidade de reduzir o custo das entregas. Passaram a oferecê-las gratuitamente, e a cobrar pelas entregas à domicilio. E o cidadão consumidor, gostou e se acostumou com a idéia porque depois de usada para transportar mercadorias do mercado para a sua casa, poderia reutilizá-la para substituir o saco no acondicionamento do lixo doméstico.

Com o passar dos anos os pequenos mercados foram vendidos para redes maiores e hoje, quatro décadas depois, três grandes redes reinam no ramo de supermercados no Brasil: uma européia (Carrefour) , uma americana (Wal Mart)  e uma brasileira (Pão de Açucar), que está prestes a passar o controle da administração para outra européia (Casino). Para estas empresas estrangeiras, que já atuam em paises onde ao invés de dar, cobram pelas sacolas plásticas, viram no fornecimento gratuito de sacolas no Brasil um custo desnecessário, e passaram a empreender esforços para mudar o hábito arraigado do consumidor brasileiro.

Depois de outras tentativas, decidiram decretar o fim da sacola plástica gratuita, alegando hipocritamente motivos ecológicos. Para isto contam com o apoio de governantes, da mídia e das ONGs com bandeiras ambientais.

Os governantes com a imagem desgastada, para fazerem leis proibindo a sacola plástica, mesmo mantendo o saco plástico no descarte do lixo doméstico. A mídia, que é beneficiada com os anúncios publicitários das grandes redes, fazendo campanha para que o consumidor use sacolas reutilizáveis mesmo que tenha que comprar sacos plásticos descartáveis para acondicionar o lixo. E as ONGs, que num cinismo monumental fecham os olhos para todo o plástico vendido e utilizado nos mercados, muitas vezes desnecessariamente, como na foto abaixo (tirada há menos de uma semana), e elegem a sacola como vilã esquecendo do saco de lixo, das embalagens de refrigerante, embalagens de produtos de limpeza, higiene e beleza.



O cidadão e consumidor, como sempre,  entra com o pagamento da conta: não recebe mais embalagens gratuitas, deixando a sua vida menos prática, e agora tem que comprar sacos plásticos para descartar o lixo. Resumindo, as grandes redes de super mercados cortam um custo, e os clientes passam a ter uma despesa a mais para descartar o lixo.

No mesmo dia que tirou as sacolas plásticas gratuitas, a loja que frequento teve a cara de pau de fazer um corner somente com sacos de lixo de plástico (!) não bio-degradável  bem na frente dos caixas!

Assim este blog está iniciando uma campanha para que você leitor, compre sacolas plásticas ao invés de comprar sacos de lixo descartáveis.

Veja as vatagens de utilizar a sacola plástica comprada, ao invés do saco de lixo:

1) A sacola é mais barata. Normalmente você compra direto do fabricante ou com menos intermediários. No Mercado Livre é possível encontrar 2 Kg de sacolas plásticas por R$ 14,00. Há diversos tamanhos e o preço é por quilo. Do tamanho de um saco de 15 litros, em 2 Kg de sacolas vem mais ou menos 250 unidades. Menos de R$ 0,06 por sacola. O saco com mesma capacidade não sai por menos de R$ 0,20. Na região da Rua 25 de Março há preços ainda mais em conta para as sacolas.

2) A sacola é mais resistente. Há sacos de determinadas marcas que são tão frágeis, que só de abrir eles já rasgam. É verdade que as sacolas quando eram gratuitas também eram frágeis, mas as compradas são mais resistentes.

3) As sacolas tem alças e por isto são mais práticas, seja para transportar mercadorias, ou para acondicionar e transportar lixo. As alças também facilitam o nó de fechamento quando cheias, ao contrário do saco, que com o nó perde capacidade.

4) Ao usar a mesma sacola para transportar mercadorias do mercado até sua casa e para acondicionar lixo, estará dando uma dupla utilização para o plástico, ao contrário do saco de lixo que é usado uma única vez. Isto sim é contribuir com o planeta!

Assim, se o seu mercado não lhe fornece mais sacolas plásticas gratuitas, compre sacolas e continue substituindo o saco plástico do lixo por sacola plástica e estará fazendo o melhor negócio!

Importante: Eu não sou fabricante de sacola plástica... apenas sei fazer contas.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Agressões na Av. Paulista


Neste fim de semana a mídia noticiou mais um caso de agressão à gays na Av Paulista, o mais importante cartão postal da cidade de São Paulo.

Foi o suficiente para uma  multidão de pessoas se manifestassem indignadas pelas redes sociais, contra a polícia e contra as autoridades responsáveis pela segurança na região, questionando por que não se instalam postos policiais contra a homofobia na avenida.

Eu não tenho procuração para defender a polícia, nem muito menos as autoridades, mas o que ocorre de fato é que a imprensa é sensacionalista e já descobriu que apresentar brigas e crimes de agressão como motivados pela homofobia, e na mais importante avenida da cidade,  gera grande repercussão.

Em primeiro lugar a agressão não ocorreu na Av Paulista e sim na rua Bela Cintra, numa distância de pelo menos quatro quadras da Av Paulista, numa região que há decadas é famosa pela intensa vida noturna. Desde que cheguei em São Paulo, em 1985, sempre soube que a região da Consolação, nas imediações das ruas Augusta, Bela Cintra e Frei Caneca é dominada por casas noturnas, boates, inferninhos e pontos de prostituição. Assim ao apresentar o episódio como ocorrido na Av. Paulista é desonesto.

Dos dois episódios anteriores, amplamente noticiados como ocorridoss na Av Paulista, somente o caso da lâmpada ocorreu lá. O outro ocorreu na Av Brigadeiro Luiz Antonio com Rua Treze de Maio,  que também fica distante da Paulista. Há uma nítida forçação de barra ao tentar noticiar tudo que ocorre na Bela Vista, Paraíso, Consolação, Jardins como se ocorresse na Paulista.

Em segundo lugar, a Av. Paulista é uma das vias públicas mais policiadas do país, com um efetivo permanente de mais de 250 policiais, que estão presentes inclusive na madrugada.

Por sair do trabalho passo à pé na Paulista quase todos os dias próximo da meia noite e o que observo é que a via é muito frequentada por jovens, que andam em grupos, e se rivalizam com outros grupos, por motivos fúteis, alheios à homofobia. Muitas provocações recíprocas podem terminar em brigas, quando não há um policial por perto. Daí é fácil quem levou a pior na briga alegar que apanhou por ser vítimia de homofobia. Para a mídia é um prato cheio noticiar a suposta intolerância...

Na saída da estação Trianon-Masp há uma quadra de calçadão, na Al. Rio Claro, entre Paulista e São Carlos do Pinhal. Neste calçadão há muitos bancos, e a partir das 23 horas é comum ver dezenas de casais homo (masculino e feminino) e hetero se amanando harmoniosamente. Muitas vezes num mesmo banco há um casal homo numa ponta e um casal hetero na outra. Outras vezes é possível ver um dos parceiros semi-despido no colo do outro parceiro ali se amando ao ar livre, sem nenhum problema. Se houvesse toda esta intelerância que a midia diz ter, e na verdade parece que torce para que haja, estas cenas calçadão da Al Rio Claro não existiriam!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Mentiras Convenientes

Neste último fim de semana prolongado, como nos anos anteriores, tivemos mais uma edição da Marcha para Jesus e da Parada Gay em São Paulo. Embora frequentados por públicos muito distintos, que até se rivalizam,  os organizadores de ambos eventos tem uma característica em comum: o hábito de divulgar estimativas absurdamente altas do número de participantes.
E a imprensa, bem mais simpática à Parada Gay que à Marcha para Jesus, se empenhou em divulgar enfaticamente os números mentirosos.

Em 2011 os organizadores da da Marcha divulgaram o número de 5 milhões, e os organizadores da Parada divulgaram o número de 4 minhões de participantes. Curiosamente a Polícia Militar divulgou sua estimativa discrepante para a Marcha, de "somente" 1 milhão, logo após o encerramento do evento, mas não fez o mesmo em relação à Parada, deixando assim que o número absurdo de 4 milhões dos organizadores fosse o único divulgado.

Para se ter uma noção da estupidez do número de 4 milhões para a Parada Gay, basta considerar que toda a população da cidade é de 11,2 milhões, segundo estimativa atualizada do IBGE.

Dizer que quase metade da população foi à Marcha e a outra metade foi à Parada, considerando que os públicos são disjuntos, é uma grande bobagem. O leitor poderá perguntar para as pessoas que estão ao seu redor e verificar que a maioria esmagadora, não foi nem num evento nem no outro.

Outro aspecto importante é que na Av Paulista não cabe tanta gente. O trecho usado para Parada Gay, do Trianon até a Av. da Consolação, tem 982m e a largura da avenida, incluindo as espaçosas calçadas, 48m.

Considerando ainda uma densidade de 8 pessoas por metro quadrado, semelhante à do Metrô no horário de pico, chegaríamos a 377 mil pessoas. Isto sem descontar os espaços das bancas de jornal, dos canteiros com flores e plantas, das saídas do Metrô  e os espaços dos trios elétricos, que não têm esta densidade.

Não fui a nenhum dos eventos, mas pelas fotos publicadas na Internet, vejo claramente muitos espaços vazios, mostrando que nem esta densidade de 8 pessoas por metro quadrado foi atingida.

Assim, mesmo considerando as pessoas pessoas nas ruas próximas, que não tem um peso relevante, é muito provável que o número de participantes ficou muito abaixo dos 500 mil.

Mas este número realista, não interessa a ninguém. Os organizadores querem o mérito de terem organizado a "maior parada gay do mundo". Querem passar a impressão de que mesmo com a chuva e frio, o evento foi maior que o do ano anterior. O prefeito, quer ter orgulho de governar a cidade que faz a "maior parada gay do mundo". A rede hoteleira e de entretenimento quer fazer publicidade de que recebe a "maior parada gay do mundo". A Polícia Militar dizer que garantiu a segurança da "maior parada gay do mundo". A imprensa dizer que cobriu a "maior parada gay do mundo" e os participantes, claro, contarem que foram na "maior parada gay do mundo".

Divulgar números astronômicos, 10 a 12 vezes maiores que os reais, é divulgar um mentira conveniente para todos...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Liderança Não se Conquista por Acaso


Recentemente contatei o SAC de quatro empresas multinacionais, gigantes do setor de produtos de higiene e limpeza: Procter Gamble (P&G) que produz Gillette Fusion Power, Colgate que produz Speed Stick, Reckitt Benckiser (RB) que produz o Lysol Bactericida e Unilever que produz Omo Progress.

Para todas elas eu relatei a dificuldade que estava tendo para encontrar os produtos nos pontos de venda, o quanto eu amava os produtos não encontrados e perguntei se a falta era temporária ou se a produção/importação tinha sido descontinuada.

A P&G não respondeu o e-mail. Deve imaginar que consumidor de países de terceiro mundo, como o Brasil, não precisa de produtos premium como Gillette Fusion Power.

A Colgate respondeu de forma muito antipática, que tinha descontinuado a importação e a distribuição de Speed Stick para o Brasil, que tinha recolhido o produto nos pontos de venda, e que a a verba do Speed Stick iria ser direcionada para outros produtos. Mesmo eu dizendo que tenho alergia a outras marcas de desodorante, eles disseram que não estão interessados em me ajudar a adquirir o produto importado. A impressão que tenho, é que a Colgate só se interessa no Brasil por produtos de higiene bucal. E deve se preocupar mesmo porque o crescimento da marca concorrente Oral B é espantoso.

A RB respondeu de forma curta e fria dizento que parou de fabricar Lysol Bactericida por questões comerciais e ponto final.

A Unilever, ao contrário das demais foi extremamente rápida e simpática em sua resposta. Disse que ficava feliz em saber que eu tinha sentido falta de Omo Progress. Que a descontinuidade na fabricação do produto fazia parte da estratégia global da companhia. Sugeriu um substituto (Omo Líquido Concentrado) e até ofereceu uma amostra do produto. Embora a resposta da Unilever tenha sido igual a das outras empresas: de que parou de fabricar, a atendente fez de tudo para minorar esta notícia indesejada.

Para completar o atendimento, fui contatado em seguida pela por uma empresa de pesquisa à serviço da Unilever, querendo saber minha satisfação pelo atendimento.

Sempre fui um admirador do marketing da Unilever, e mais uma vez ela mostrou que em matéria de atendimento ao consumidor, está anos-luz à frente das concorrentes. Afinal de contas, liderança absoluta de uma marca por décadas como Omo, não se conquista por acaso.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

O Que Poucos Sabem Sobre o Padrão Brasileiro de Tomadas

Adotado no Brasil desde 2001, neste ano a mudança deverá ser plenamente concluída, pelo menos no que diz respeito à fabricação, comércio e instalação tanto de equipamentos quanto de  tomadas nas novas edificações. Muito já foi publicado pela imprensa nos últimos anos criticando ou defendendo o novo padrão brasileiro de tomadas e plugues (NBR 14136).
Dos artigos que li, todos tinham mais ou menos o mesmo conteúdo: afirmavam que o padrão brasileiro é mais seguro que a falta de padronização que existia antes no mercado. Que é diferente de tudo que existe em outros países. Por isto, para implementá-lo o governo teve que recorrer à força de uma lei. Um jornalista, a propósito do suposto ineditismo do padrão brasileiro, chegou denomina-lo de “jabuticaba brasileira”.
O que poucos sabem sobre o padrão brasileiro é que ele foi copiado de uma norma internacional, de 1986, idealizada originalmente para a União Europeia (e depois para o restante do mundo), a IEC 60906-1 da International Electrotechnical Commission. Esta norma não foi implementada em nenhum outro país até o Brasil decidir adotá-la em 2001, com algumas poucas alterações, sendo depois seguido pela Africa do Sul.
As consequências desta adoção são positivas ou negativas para o cidadão brasileiro, que está pagando a conta da mudança, conforme veremos a seguir:
Estética: o padrão brasileiro é horrível esteticamente. Com o tempo vamos acostumar, mas não há arquiteto ou designer que consiga disfarçar o quanto a cavidade hexagonal prejudica a beleza dos espelhos.
Sujeira: em tomadas pouco utilizadas a cavidade é propícia para acumular sujeira. Idealizadas para proteger crianças e usuários desatentos de possíveis choques, a cavidade poderá ser um fator que contribua para a incidência de choques em faxineiras e pessoas que tentem limpá-la com agua ou produtos de limpeza a base de água.
Segurança: além de proteger o usuário contra choques, porque quando os pinos são energizados, não é possível mais tocá-los, devido a cavidade , o fator mais importante de segurança no sistema não está na cavidade, e sim no fato do furo central da tomada ser mais raso, que os outros dois. Por ser destinado ao o pino do condutor Terra, isto faz com que ao conectar o plugue na tomada, o equipamento seja aterrado primeiro antes de ser energizado.
Padronização: o que existia no mercado anteriormente era problemático não pela despadronização no formato e sim pela despadronização na capacidade. O correto dimensionamento dos condutores (incluindo tomadas e plugues) para o nível de corrente elétrica demandada é fundamental para não haver aquecimentos, faíscas, choques e outros problemas. Para a despadronização de formatos os fabricantes são criativos e já tinham lançado as tomadas universais, que comportavam diferentes tipos de plugues. O problema residia na despadronização da capacidade condutiva: existiam no mercado tomadas e plugues dimensionados para 5A, 8A, 10A, 12A, 15A, 16A, 18A, 20A, 25A, etc.. Esta miscelânea de capacidade condutiva contribuia para a criação de gargalos perigosos nos circuitos. O padrão brasileiro estabelece dois níveis de capacidade condutiva 10A e 20A. Nas tomadas de 10A os furos têm 4,0mm de diâmetro, enquanto que nas de 20A os furos têm 4,8mm. Os equipamentos que demandam mais corrente têm plugues com pinos de 4,8mm que só entram nas tomadas de 20A. Já os equipamentos que demandam menos corrente têm plugues com pinos de 4,0mm, que entram tanto na tomada de 10A, quanto na tomada de 20A.
Compatibilidade: o padrão brasileiro de tomadas foi estabelecido de modo a ser compatível com a maioria dos plugues existentes, aqueles de dois pinos arredondados. Todas as demais combinações incompatíveis, devem ser resolvidas (e pagas) pelo usuário. Na época da implantação do novo padrão, as autoridades vieram a publico dizer que aproximadamente 20% das tomadas precisariam ser adaptadas, preferencialmente com a troca da tomada, ou com o uso de um adaptador certificado. Segundo dados otimistas da própria ABNT, cada residência ou escritório, teria, em média, 6 aparelhos que precisariam ser adaptados. Considerando ainda o número estimado de residências e escritórios de 45 milhões e o custo médio de uma tomada, de R$ 7,00, chegamos à bagatela de R$ 1,89 bilhões em custo a ser absorvido pela sociedade! Isto sem contar o custo de mão de obra do eletricista... Não demorou muito para que surgissem os adaptadores não certificados, de qualidade e aspecto chinfrim, eliminando o condutor Terra, que é necessário sempre que existe no plugue, e não respeitando os requisitos de desempenho e condutividade. 
Facilidade de Instalação: Em instalações comerciais ou residenciais é muito comum duas ou mais tomadas serem ligadas em série no mesmo circuito. Antes do padrão brasileiro, muitos eletricistas faziam verdadeiras gambiarras nos fios para a ligação de tomadas em série, como emendas mal isoladas, corte de parte do condutor, diminuindo a capacidade condutiva, para possibilitar a introdução de dois condutores (entrada e saida) no mesmo borne da tomada. O padrão brasileiro determina que o borne de ligação do fio na parte traseira da tomada seja duplo, assim quando o eletricista for ligar tomadas em série, usará um borne para ligar o condutor de entrada e outro para ligar o condutor de saída, sem nenhuma dificuldade e, o que é mais importante, sem fazer nenhuma gambiarra.
Como se nota, a adoção do padrão brasileiro traz muitas vantagens e desvantagens para o cidadão, usuário de energia. Pena que a divulgação das mesmas, até agora, foi mal feita pelas autoridades e pela imprensa. A sociedade que já está usando compulsoriamente os novos plugues e tomadas, e pagando a conta, nem sempre conhece todos os custos e implicações.